Sustentabilidade ambiental?
Nossa região tem sido considerada como uma das piores do país em qualidade e quantidade de recursos hídricos próprios para consumo. É urgente fazer da proteção das nossas águas a prioridade para a sobrevivência atual e futura das nossas cidades, seja no abastecimento humano, ou seja para o setor de serviços. Porém, nossos recursos hídricos não podem ser geridos de forma isolada em relação ao meio ambiente da forma como vem sendo feito. O planejamento ambiental concernente à fauna, áreas verdes, o uso do solo e de agrotóxicos e o zoneamento ambiental das bacias hidrográficas, são matérias que devem ser levadas em conta nessa gestão partilhada das águas.
A quantidade de água disponível nos nossos rios já não é suficiente( isto há tempos) para atender a demanda de uso doméstico, agrícola e industrial desse recurso. Se todos os usuários buscassem suas águas simultaneamente, o sistema entraria em colapso. É o que pôde ser concluído a partir dos dados incluídos no Plano de Bacias de 2000-2003, elaborado pelo Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba,Capivari e Jundiaí (CBH-PCJ).
Em nossas bacias hidrográficas, além da grande quantidade de indústrias pesadas que se instalaram nas margens dos cursos d'água nas ultimas décadas — e das invasões dos excluídos que se instalaram nestas áreas por serem áreas tuteladas pelo poder público — temos visto acontecer uma quantidade enorme de parcelamentos de solo sobre os corpos de produção de água.
Esses parcelamentos de solo denominados "bolsões urbanos em áreas rurais" e condomínios são promovidos por setores imobiliários que compram terras por hectare e as vendem por metro quadrado, auferindo lucros fabulosos nesta barganha irracionalmente degradadora e que são tutelados por administradores regionais clientelistas e políticos sem nenhuma preocupação verdadeira com a questão social e conseqüentemente ambiental.
Isso tem ocorrido por todo o estado e de forma devastadora sobre as microbacias do rio Jundiaí, Capivari, encostas da serra do Japi, fortemente nos(ex) belos fundos de vale das antigas vinícolas da nossa região e nas franjas ainda verdes do nosso município, onde serpenteia moribundo, o rio Atibaia.
O resultado dos desmatamentos, aterramento de nascentes (brejos e várzeas) e da impermeabilização do solo por ocupações sobre mananciais, vem fragilizando os ecossistemas e provocando uma perda muito grande na produção natural de água, comprometendo todo os mananciais por esgoto e poluição difusa.
Esses loteamentos já foramalvo de inúmeras ações no Ministério Público, fruto de representações do movimento ambientalista, pela imensa degradação que tem causado em áreas de preservação permanente e conseqüentemente na destruição dos produtores de água e nas últimas áreas verdes da região.
Em tempos de mudanças climáticas e aquecimento do planeta, é inconcebível que se descarte a vertente ambiental nos processos de planejamento urbanístico, usando de forma demagógica a palavra magica, desenvolvimento sustentavel, que coloca em primeiro plano a economia fazendo valer somente a vontade do legislador e dos donos de terra.
Estudos multidisciplinares, apresentados por universidades brasileiras e internacionais, afirmam que o manancial de abastecimento para uso humano deve ser qual esponja limpa, com permeabilidade, mantido ao máximo em sua integridade, sem poluição – livre das atividades antrópicas, pois não basta o afastamento dos esgotos — sem contemplar o controle da poluição difusa e sem manter o manancial vivo com o máximo de cobertura vegetal .
Queremos que poder público assuma seu papel de gestor responsável, respeitando a sustentabilidade ambiental da nossa região pois corremos o risco da não sustentabilidade da qualidade de vida em nossa cidade, seja pela destruição dos recursos naturais e do patrimônio cultural que possuímos, seja por uma gestão não cautelosa e não planejada de seus serviços.
Marcia Corrêa
Presidente da -PROESP
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