segunda-feira, 27 de agosto de 2007

História da Proesp


Neste domingo(26/08), gostei muito de ler sobre a nossa querida Proesp na coluna do Rogerio Verzignasse e lembrar dos vellhos tempos de minha militância na defesa do ambiente e da diversificação das espécies. Nas lutas contra a construção do aeroporto de São Paulo em Caucaia do Alto, na briga contra a construção da Av Aquidabã, que deveria cortar o Bosque dos Jequitibas ate chegar na Av. Princesa do Oeste, Na pressão contra a doação da mata no Jd. Nova Europa para a sede da rádio Central de Campinas pela Prefeitura Minicipal de Campinas e onde é hoje o Bosque dos Guarantãs(nome escolhido pela Proesp).
Lembrei tambem de dezenas de plantios de mudas que fazíamos em escolas, praças, empresas, com mudas que nós mesmos preparavamos em nossas casas e hoje quando passo nesses lugares que receberam aquelas mudas e vejo árvores com bom tamanho, me dá uma grande satisfação.
Me lembro de cada um dos fundadores citados na coluna e mais dos saudosos major Pedro Beraldo,Beto Giardini, Agenor Camargo(ja falecidos) e tambem de Antonio de Padua, João Luiz Pegoraro, Anthero Santiago e varios outros.
Tambem na doação da Mata da Santa Genebra, que a coluna publicou uma foto, eu estava lá junto de varios compaheiros entre eles o mestre de todos nos proespinos, o Dr Hermes Moreira de Souza (foto anexa). Nesse dia presenciei um espetáculo inesquecível, na clareira central, dentro da mata, durante a solenidade de doação, a Orquestra Sinfonica de Campinas nos brindou com música da melhor qualidade acompanhada de sons da floresta.
Desculpem eu me estender, mas realmente tenho saudades da época.
Caros companheiros, ainda estou à disposição da Proesp dentro do que eu puder.
Grande abraço
E saudações proespinas.

Jose Roberto A. de Araujo Teixeira
Ex presidente da Proesp

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

30 anos da PROESP

José Pedro Martins
josepmartins@uol.com.br

A RMC acumulou importante passivo ambiental em função do processo de desenvolvimento insustentável praticado na região — mais do que em muitas regiões do País, bastando ver o índice de vegetação nativa que resta por aqui, chegando a menos de 3% em Campinas e 0% em Hortolândia.

Justamente por esse acúmulo de problemas ambientais, totalmente vinculados ao déficit social, a Região Metropolitana de Campinas tem sido palco de evolução da consciência a respeito da limitação do atual modelo de desenvolvimento.

Mas é necessário, antes da definição de possíveis políticas para correção de rumos, um diagnóstico completo sobre a realidade social e ambiental regional. Qual a capacidade de suporte? Que tipo de atividades são efetivamente sustentáveis? Como está a nossa água? Essas indagações justificam, plenamente, a promoção de uma democrática audiência pública técnica ambiental na RMC, na qual os diferentes atores poderiam apresentar informações e indicar possíveis soluções. O Conselho de Desenvolvimento da RMC poderia apoiar a idéia, como importante subsídio ao futuro regional.

Digna Proesp — um dos espelhos da consciência socioambiental desenvolvida e sedimentada na região é a atuação da Sociedade Protetora da Diversidade das Espécies (Proesp), que está completando 30 anos de enormes serviços prestados a Campinas e ao que hoje é a área metropolitana.

Muito além de modismos e oportunismos, que muito ameaçam o necessário trabalho sério em meio ambiente e área social, a Proesp tem sido um ícone de coerência, dedicação e ação voluntária em benefício da efetiva qualidade de vida (de toda forma de vida) nessa que é uma das mais desafiadoras regiões do País em termos de busca da sustentabilidade. Sem exagero, pode-se dizer que, sem a atuação da Proesp e outras ativas ONGs, a situação poderia ser ainda mais grave, principalmente em Campinas, por exemplo em termos de diversidade de espécies arbóreas plantadas na área urbana.

Com o risco de cometer injustiças (o que é normal acontecer quando se cita nomes), não posso deixar de identificar alguns dos pilares da digna Proesp através dos tempos. O biólogo João Pegoraro, a botânica Roseli Torres, o advogado Augusto Gandolfo, a lutadora Márcia Corrêa, os batalhadores dr. Salomão e Ramasco, o dinâmico Carlos Vageler. E, claro, os históricos Hermes Moreira de Sousa e Carlos Rossetto, entre outros. Gente nobre, no sentido mais profundo da palavra. Que bom para Campinas e região. Parabéns Proesp, força para as próximas empreitadas, que não serão pequenas.

José Pedro Martins é jornalista e escritor
José Pedro Martins
josepmartins@uol.com.br

Tombamentos de patrimônios históricos

O Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc), formado por representantes da sociedade civil e órgãos públicos, acatando acima de tudo suas funções estabelecidas por legislação municipal, federal e estadual, decidiu abrir em 2003 os estudos para o tombamento do bairro Nova Campinas — um projeto urbano proposto pelo urbanista Jorge de Macedo Vieira em 1945 e implantado às margens do córrego Proença — que posteriormente no final de 2004 tombou o bairro como patrimônio paisagístico e ambiental. O ato administrativo de tombar significa catalogar, relacionar coisas de valor histórico, cultural, artístico, científico, estético, arquitetônico, documental, bibliográfico, paleográfico, ambiental, paisagístico ou afetivo, para impedir que determinado bem seja destruído ou descaracterizado.

O tombamento do bairro foi solicitado pelos seus moradores, por urbanistas e ambientalistas, mas logo que o atual prefeito assumiu, uma de suas primeiras medidas políticas foi vetar este tombamento já deliberado pelo conselho. Fato intervencionista inédito na historia do Condepacc.

A proteção deste patrimônio paisagístico e ambiental urbano está diretamente ligada à qualidade de vida da população e a demanda social é tão importante quanto qualquer outra do serviço público. Tombamentos de bairros jardins tem sido uma constante na cidade de São Paulo, onde a qualidade de vida e, por extensão, a proteção à saúde pública tem afligido toda a população Este conceito urbanístico foi criado por Ebenezer Howard no final do século 19, e adotado no Brasil pela Cia. City com a criação de bairros como o Jardim América, o Alto da Lapa (1921), Pacaembu (1925), Alto de Pinheiros (1925) e Butantã (1935) que posteriormente foram tombados assim como o Jardim América, Sumaré, e Jardim da Saúde.

O Nova Campinas se caracteriza como um bairro classe média alta que foi criado com excelência urbana residencial, de acordo com um plano urbanista do poder municipal, e portanto com sua qualidade de manter grandes áreas permeáveis, trânsito leve, um conjunto de áreas verdes presentes em espaços públicos e lotes particulares, associado às características urbanísticas e ambientais com alto valor paisagístico. É um bairro-jardim que serve não só aos moradores, mas também a todos os bairros vizinhos, como área considerada de compensação ambiental urbana.

As diretrizes solicitadas no tombamento deste bairro foram pela manutenção de seu traçado atual urbano definido pelos logradouros públicos (ruas e praças) contidos entre os alinhamentos dos lotes particulares, no que se refere aos aspectos de adequação geométrica quanto em suas dimensões, a manutenção das áreas ajardinadas públicas e privadas com sua vegetação e a manutenção das áreas permeáveis dos lotes e das áreas públicas.

Os aspectos sociais e econômicos citados por aqueles que se posicionam contrários à preservação do bairro não procedem, pois o tombamento não alteraria o valor econômico das propriedades que poderia inclusive vir a sofrer uma súbita valorização.

Devemos salientar o fato de que o tombamento do bairro tem como finalidade principal perpetuar a memória, e não estagnar o natural desenvolvimento e modernização da sociedade, o que não significa deteriorar a qualidade de vida de seus cidadãos.

O uso da palavra desenvolvimento sustentável tem sido uma constante nos discursos políticos, mas, na prática, nossos legisladores perpetuam a lógica do mercado excessivamente liberal, nunca no sentido da verdadeira sustentabilidade urbana, adequando os projetos urbanísticos ao controle dos impactos territoriais.

Uma das premissas da Agenda 21 para as cidades se desenvolverem sustentavelmente é a de crescer sem destruir, fortalecendo sobretudo os mecanismos de gestão democrática com o desenvolvimento de uma cidadania ativa.

Nós, ambientalistas, temos lutado contra a intensa perda das áreas verdes e permeáveis, com aterramento das nascentes e a impermeabilização excessiva do solo com condomínios e loteamentos sobre áreas ambientalmente frágeis, o que tem causado a insuficiência do reabastecimento dos nossos aquíferos.

Conhecemos a realidade do aniquilamento sistemático das fontes de nossa cidade, degradadas em nome de um desenvolvimento que muitos chamam de sustentável.

Não podemos infligir uma punição aos moradores que optaram por viver neste bairro, criaram seus filhos e netos, plantaram suas árvores, e agora se vêem obrigados a partirem para outro local pela degradação que se avizinha. Uma visão perversa e estreita que só privilegia um retorno financeiro de curto prazo.

Temos exemplos visíveis da degradação ambiental constante que sofre o Cambuí. E esses exemplos são motivos fortes para que não se perpetuem os erros, não preservando as características preconizadas e adotadas pelos arquitetos do bairro jardim Nova Campinas.

Marcia Corrêa é presidente da Sociedade Protetora da Diversidade das Espécies-Proesp.