quinta-feira, 2 de agosto de 2007

30 anos da PROESP

José Pedro Martins
josepmartins@uol.com.br

A RMC acumulou importante passivo ambiental em função do processo de desenvolvimento insustentável praticado na região — mais do que em muitas regiões do País, bastando ver o índice de vegetação nativa que resta por aqui, chegando a menos de 3% em Campinas e 0% em Hortolândia.

Justamente por esse acúmulo de problemas ambientais, totalmente vinculados ao déficit social, a Região Metropolitana de Campinas tem sido palco de evolução da consciência a respeito da limitação do atual modelo de desenvolvimento.

Mas é necessário, antes da definição de possíveis políticas para correção de rumos, um diagnóstico completo sobre a realidade social e ambiental regional. Qual a capacidade de suporte? Que tipo de atividades são efetivamente sustentáveis? Como está a nossa água? Essas indagações justificam, plenamente, a promoção de uma democrática audiência pública técnica ambiental na RMC, na qual os diferentes atores poderiam apresentar informações e indicar possíveis soluções. O Conselho de Desenvolvimento da RMC poderia apoiar a idéia, como importante subsídio ao futuro regional.

Digna Proesp — um dos espelhos da consciência socioambiental desenvolvida e sedimentada na região é a atuação da Sociedade Protetora da Diversidade das Espécies (Proesp), que está completando 30 anos de enormes serviços prestados a Campinas e ao que hoje é a área metropolitana.

Muito além de modismos e oportunismos, que muito ameaçam o necessário trabalho sério em meio ambiente e área social, a Proesp tem sido um ícone de coerência, dedicação e ação voluntária em benefício da efetiva qualidade de vida (de toda forma de vida) nessa que é uma das mais desafiadoras regiões do País em termos de busca da sustentabilidade. Sem exagero, pode-se dizer que, sem a atuação da Proesp e outras ativas ONGs, a situação poderia ser ainda mais grave, principalmente em Campinas, por exemplo em termos de diversidade de espécies arbóreas plantadas na área urbana.

Com o risco de cometer injustiças (o que é normal acontecer quando se cita nomes), não posso deixar de identificar alguns dos pilares da digna Proesp através dos tempos. O biólogo João Pegoraro, a botânica Roseli Torres, o advogado Augusto Gandolfo, a lutadora Márcia Corrêa, os batalhadores dr. Salomão e Ramasco, o dinâmico Carlos Vageler. E, claro, os históricos Hermes Moreira de Sousa e Carlos Rossetto, entre outros. Gente nobre, no sentido mais profundo da palavra. Que bom para Campinas e região. Parabéns Proesp, força para as próximas empreitadas, que não serão pequenas.

José Pedro Martins é jornalista e escritor
José Pedro Martins
josepmartins@uol.com.br

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